31st December 1956 - Watson Macedo's 'Rio Fantasia' opens in São Paulo, on the last day of 1956. For some unexplained reason it opened in Rio, three months later.
7 March 1957 - After 3 months 'Rio Fantasia' opens in Rio de Janeiro, too...
RIO FANTASIA – 1956
Sinopse: três jovens músicos nordestinos (Trio Irakitan) e a irmã de um deles (Eliana) vem tentar a sorte no Rio de Janeiro. Com bom humor e muita música eles enfrentam as dificuldades da cidade.
João Dias canta 'Salomé'
Angela Maria canta:
"Rio Fantasia" tem pelo menos duas grandes fantasias-musicais comandadas pelo maestro Lyrio Panicalli. A primeira é o quadro descaradamente hollywoodiano de Eliana imitando Carmen Miranda cantando 'Baião' em inglês, que apareceu em 'Nancy goes to Rio' de 1950. Os trejeitos e a pronúncia de Eliana assemelham-se muito à de Miranda, inclusive com o 'caco' 'ca-room-pa-pa' que Carmen 'inventou' para os intervalos da musica de Humberto Teixeira.
Lia (Eliana) e Gilvan (do Trio Yrakitan)
O ambiente da pensão onde Lia e os três rapazes do Trio Irakitan se hospedam é francamente chegado a uma Broadway, pois, de-repente, quase do nada, alguém resolve cantar e já aparece um piano em rodinhas sendo empurrado para a sala principal. Os rapazes do Trio empunham seus instrumentos de percussão e 'the show is on the road' como se fosse um antigo musical da MGM dos tempos do 'Andy Hardy' com Judy Garland e Mickey Rooney. A dona da pensão é a 'stage manager' (diretora de palco) e uma das senhoras pensionistas toma comando do piano.
João, Gil e Zezé, a empregada da pensão.
Menção honrosa deveria ser dada a participação de Renato Murce como o chefe da emissora de TV, que curte uma paixão secreta por Lia (Eliana, sua espôsa na vida real), mas sabe que tem pouca chance devido ao charme e juventude do guapo John Hebert (Carlos), que é o mocinho verdadeiro do filme.
Paulo Givan do Trio Irakitan, bem que tenta se tornar o namoradinho de Lia, mas muito embora ele fosse bem bonitinho, acaba perdendo para o John, que é um pão.
Murce, apesar de quarentão, tem um sex-appeal distinto, lembrando aqueles atores alemães do tipo Erich von Stroheim, que usavam monóclos e eram altamente sofisticados dos filmes yankees dos anos 30 e 40. Murce joga todo seu charme em cima da Lia quando pensa que ela tinha se desencanado do John, e está para declarar seu amor à moçoila quando ela, num rompante, revela que secretamente ainda ama Johnny. Murce é salvo de uma situação constrangedora, aproxima-se os pombinhos e o filme termina num ever-lasting happy ending – um final plenamente feliz. Os rapazes do interior ficam famosos na TV e a mocinha fica com o mocinho.
Renato Murce, o Erich von Stroheim brasileiro.
Eliana (Lia)
John Hebert (Carlos)
Trio Irakitan - Edinho, João e Gil
Renato Murce
Catalano
Zezé Macedo
Madame Lou - Rosa Sandrini
Helba Nogueira - Oswaldo Louzada
Ely Augusto - Inah Malagutti
Francisco Moreno - Turco Fernandinho
Luiz Almeida - Ventura Ferreira
Alvaro Costa - Margarida Rumões
Jairo Argileu - Arlindo Duarte
Francisco Santori - Francisco Ciciliano
Mario Loureiro - Flora Almeida
10 March 1957 - Rio's Correio da Manhã's columnist lambastes not only 'Rio Fantasia' but the whole Brazilian cinema industry: eight by one (oito-por-um) was the rule the Brazilian government devised to protect the National Cinema Industry from the dumping tactics employed by Hollywood. That meant that a cinema house was under legal obligation to show a Brazilian movie after it had shown 8 foreign products. But the 'cringing-colonized-intelligentsia' that peopled most of Brazilian conservative newspapers were dead against it. They preferred to see a 100% of foreign production. The Brazilian upper-class is notorious for its lack of nationalism. They actually wish they would have been born in New York, London or Paris and are ashamed of their country except the money they get from its labours.
Here's what the columnist wrote: Oito-por-um - Rio Fantasia - O chamado Cinema Nacional goza de todas as vantagens: exibição obrigatória, preços iguais aos dos filmes estrangeiros (read: US cinema) fotografados em CinemaScope e coloridos, o analfabetismo de 65% da população, a omissão da Censura (que não vê a pornografia e distribui a torto e a direito o certificado de 'boa qualidade'). Assim tão protegido só poderia mesmo produzir indecências como este 'Rio Fantasia'.
Here's what the columnist wrote: Oito-por-um - Rio Fantasia - O chamado Cinema Nacional goza de todas as vantagens: exibição obrigatória, preços iguais aos dos filmes estrangeiros (read: US cinema) fotografados em CinemaScope e coloridos, o analfabetismo de 65% da população, a omissão da Censura (que não vê a pornografia e distribui a torto e a direito o certificado de 'boa qualidade'). Assim tão protegido só poderia mesmo produzir indecências como este 'Rio Fantasia'.
Gilvan & Eliana.