Tuesday, 12 February 2019

'Quanto mais samba melhor' - 1961

4 July 1961 - Carlos Manga's 'Quanto mais samba melhor'.
11 July 1961 - 'Correio da Manhã's cinema columnist V.A.'s review of 'Quanto mais samba melhor', as usual, is not very flattering but it is interesting to read it for it mirrors the era's opinions and biases...

À primeira vista, em virtude do título, tem-se a impressão de que 'Quanto mais samba melhor' pretende parodiar a divertida comédia de Billy Wilder. Afinal de contas em matéria de imitação, dificilmente alguém poderá concorrer com a turma da Atlântida. Em 'Quanto mais samba melhor', para surpresa geral, apenas o título foi importado (*), pois o resto traz a marca-registrada da Atlântida. E o que lá se fabrica é inimitável.

'Quando mais samba melhor' surge como um defensor da música brasileira, ou melhor, do nosso samba. Qualquer advogado, mesmo o mais incompetente, teria feito uma defesa menos amorfa do que esta. A história, elaborada por Cajado Filho (que nas horas vagas costuma brincar de diretor) não apresenta nada de novo. É um apanhado de situações, algumas já exploradas, além do ponto de saturação e outras sem o mais leve sinal de inspiração ou humor e desenvolvidas dentro da trama mais vulgar.

A direção de Carlos Manga tem que vir entre aspas. Não será possível dizer nada mais, sem cair na adjetivação que cumpre evitar. Mas essa nova chanchada da Atlântida não é apenas mais uma realização medíocre. As piadas de duplo-sentido e a grosseria presente nos diálogos aproximam o filme dos shows da Praça Tiradentes, especialmente dos que são feitos fora dos teatros.

Cyll Farney, que desde 'Amei um bicheiro' (1952) só apareceu mais-ou-menos em 'Cacareco vem ' (1960) volta a atuar com sua habitual inexpressibilidade. Maria Peter quase nada faz como a admiradora de jazz. Antonio Carlos lembra uma caricatura. Jayme Filho retorna na figura de um vilão calmo e aparentemente inofensivo. É um ator que não deveria estar na área da chanchada. É o único que cumpre, inteiramente à vontade, uma tarefa.

O elenco, bem superior ao time, apresenta duas 'novidades', Vagareza e Rose Rondelli. O primeiro, conhecido na televisão carioca, não encontrou ainda no cinema um diretor capaz de valorizar seu talento humorístico, mas já evidencia personalidade e simpatia indispensável aos de sua classe. Rose Rondelli, depois de passar desapercebida em papeis insignificantes tem agora oportunidade de mostrar seu charme. Está graciosa e desembaraçada.

Mas o esforço de alguns, sem cuja presença, o espectador não iria até o fim do espetáculo, é um desperdício. 'Quanto mais samba melhor' não merecia nada.  V.A.

(*) V.A. is utterly wrong when he says the title of 'Some like it hot' (Quanto mais quente melhor) was 'imported from the USA'... 'Quanto mais quente melhor' was wholly concocted in Brazil not in the USA.

6 December 1961 - 6 months after being released 'Quanto mais samba melhor' opens at Cine Marrocos and 12 movie-houses in São Paulo...

Hélio (Cyll Farney) é um músico que defende com unhas-e-dentes a cultura e a música popular do Brasil. Para promover canções brasileiras e homenagear Carmen Miranda, ele pretende montar um show em um salão luxuoso de um hotel. No entanto, Ademar, o dono do hotel, influenciado por sua filha Mariza (Maria Petar), só se interessa por grandes cartazes do jazz.

Hélio, então ajudado por Bebeto (Vagareza) e Dorotéia, apresentam uma dupla americana 'falsa', Dorothy Bridge & Sunday Jr. - paródias de Eartha Kitt & Sammy Davis Jr. - enquanto buscam uma cantora para 'fazer' la Miranda, encontrando-a em Suzete (Rose Rondelli), uma hóspede do hotel, que é protegida do gerente Talarico.

Assistindo um ensaio, Mariza nota que o show só tem um número de 'jazz' e tenta melar tudo. No final, Talarico sequestra Suzete para impedir que o espetáculo aconteça...

Antonio Carlos (Dedé)
Jayme Moreira Filho
Vera Regina
Jayme Costa
Waldyr Maia
Diana Morel.

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