Wednesday, 22 February 2012

'Fantasma por acaso' - 1946

21 December 1952 - as late as 1953 'Fantasma por acaso' was still shown at regular cinemas around the country. At Cine Jussara, in Sao Paulo, they still could enjoy a movie made 7 years earlier. 

comédia; 1946; 104 minutos
direção: Moacyr Fenelon
co-produtora: Atlântida
censurado entre 16 e 31.08.1946.

Melhor Filme, Diretor e Atriz (Mary Gonçalves)
pela Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos, RJ, 1946.

Elenco

Oscarito - José Sobrinho Filho [Zézinho] / Daniel Matos
Mary Gonçalves - Sonia Resende [a bandida]
Mario Brasini - Rubens Miranda
Vanda Lacerda - Clarice [a mocinha]

Armando Braga
Eugenia Levy
Luiza Barreto Leite
Armando Ferreira

Renata Fronzi - lanterninha do céu
Mara Rubia - lanterninha do céu
Záquia Jorge - lanterninha do céu
Edméia Coutinho

Luiza Galvão
Alberto Sicardi 
Ênio Santos
Aurea Gally
Brenda Mitchell 

musica: Gaó Gurgel, Ary Barroso, Ernesto Nazaré.
Bidú Reis
Cyro Monteiro
Emilinha Borba
Nelson Gonçalves
Orquestra Gaó Gurgel


Sinópse I

Zézinho [Oscarito] é idoso e solteirão mas assanhado com as mulheres. Trabalha como faxineiro no escritório carioca da Companhia de Aviação Albatroz. Depois de um dia de trabalho no qual levou uma bronca do doutor Rubens [Mario Brasini], seu patrão, por chegar atrasado, ele é atropelado por um automóvel e morre.

Ao chegar ao céu, recepcionado por duas belas moças (as vedettes Renata Fronzi e Mara Rúbia), Zézinho conhece Cândido, pai falecido de Rubens e antigo proprietário da Albatroz. Cândido conta a Zézinho que antecipara a morte dele pois precisava de ajuda para livrar o filho de uma vigarista, Sonia Resende [Mary Gonçalves]. Zézinho então volta à terra no corpo do empresário Daniel Matos, e passa a tentar fazer com que Rubens deixe a amante, ora lhe provocando ciúmes ao sair com a esposa Clarice [Vanda Lacerda], ora tentado desmascarar a vigarista a qual chama de "gold digger" [prospectora de ouro].

'Fantasma por acaso' foi realizado em 1946, dirigido por Moacyr Fenelon para a Companhia Atlântida. Com roteiro e história de José Cajado Filho, o filme marca a estréia no cinema de Renata Fronzi.


Sinópse II


Vítima de um desastre, um servente de escritório de uma empresa de aviação entrega a alma ao Criador. No céu, o espírito do pobre homem encontra com o espírito do pai do seu patrão, há tempos falecido e que, quando em vida, fora muito seu amigo. Isso oferece oportunidade para que o espírito do servente seja designado para voltar à terra afim de tutelar os passos do seu patrão, que se acha envolvido em dificuldades amorosas.

Assim, sob a proteção do pai do jovem, que tudo prevê e provê, o espírito do servente novamente materializado se apresenta como representante de uma grande fábrica de aviões, e, maneirosamente se intromete na vida íntima do seu patrão. Após uma série de coisas, o servente logra cumprir sua missão - faz com que o patrão abandone a amante [Mary Gonçalves] e passe a viver feliz ao lado de sua esposa [Vanda Lacerda] - e volta ao céu

comentário do prof. Máximo Barro sobre a fita


Moacyr Fenelon vinha de dois desastres financeiros: 'Vidas Solidárias' e 'Sob A Luz Do Meu Bairro'. A situação de Fenelon ficou crítica dentro da Atlântida. Ele precisaria de um sucesso para apagar o amargor dos insucessos anteriores. A solução poderia vir com Oscarito, que naquele momento era sensação nacional e a salvação da Atlântida. Fenelon, Paulo Wanderley, Cajado Filho e outros alinhavaram um argumento que estava na moda no cinema americano com 'Heaven can wait': o falecido que não era aceito no céu e vinha penar mais alguns dias na terra.

O personagem interpretado por Oscarito, um velho burocrata, acorda, faz ginástica, ouve as notícias do rádio. Chegando ao prédio onde trabalha, pendura o paletó, gravata, chapéu e transforma-se num simples faxineiro, que lá trabalha, movido pela compaixão que o filho do falecido dono da empresa tinha por ele. Ao sair da firma, é atropelado e morto. Vai para um céu de gozação, com cenografias que lembram um Caligari bem comportado. Lá volta a se encontrar com o antigo chefe e amigo, que lhe pede que volte à terra para ajudar o estróina do filho. Relutante ele o faz, com as complicações já esperadas entre uma alma reencarnada e um grupo familiar aturdido com o insólito.

A estrutura do filme é rigorosamente teatral, mais parecendo um filme em 20 atos. Toda vez que há a necessidade de uma passagem de tempo, indicando as transformações que os personagens estão sofrendo com a interferência do 'espírito', o recurso usado é intervalar as seqüências da mãe. O filme tinha um tom fúnebre, rotineiro, longe da comédia que eles tencionavam realizar. Como na maioria dos films brasileiros da época, obrigatoriamente haviam numeros musicais, que era a forma de obter melhor bilheteria pois muitos iriam ao cinema apenas para ver o cantor, que só conheciam do disco ou rádio.

Os astros e estrêlas do radio eram mostrados como se podia. Oscarito entrava no céu e era recebido por duas vedetes, Renata Fronzi e Mara Rúbia, que o conduziam a um caixão vertical, onde ele via e ouvia a canção 'Trabalha Nego' [Terra seca], de Ary Barroso, magnificamente enterpretada por um Cyro Monteiro jovem e vibrante, além de um número musical elaboradíssimo. 'Lamento de uma raça' [José Piedade, J. Adjucto] interpretado pela incrível Bidú Reis.  

A direção burocrática de Fenelon destruiu a leveza que o tema exigia, transformando-o num melodrama insosso. Oscarito, com poucos momentos de exceção, tem uma interpretação pedante e carente do halo histriônico que lhe era inerente.

Essa foi a única foto que consegui de 'Fantasma por acaso'.

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